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terça-feira, 8 de julho de 2014

Sem Neymar, Felipão aposta no coletivo para passar pela Alemanha



Não há um Didi, um Nilton Santos. Muito menos um Garrincha, o anjo das pernas tortas, para assumir o protagonismo sem Pelé, como em 1962. Sob este aspecto, não dá nem para comparar. As semelhanças ficam restritas ao contexto histórico, na analogia do camisa 10 que sai de cena.

Mas há um aspecto a unir as duas épocas, apesar das diferenças: sem o centro do time, o futebol terá de ser repartido pelas periferias. A Seleção que tenta nesta terça vaga em sua sétima final de Copa contra a Alemanha terá de ser o que sua adversária sempre foi: operária.

Durante mais de um século, sempre que Brasil e Alemanha se enfrentaram, a manemolência e a invenção estiveram sempre conosco, enquanto os alemães eram puro método, força e repetição. Da última vez, na final de 2002, com o mesmo Felipão de técnico, Ronaldinho, Rivaldo e Ronaldo encarnaram essa graça e leveza. Os três têm em casa o troféu de melhor do mundo da Fifa.

Desde o joelhaço pelas costas que fraturou a terceira vértebra lombar de Neymar, resta à Seleção apostar no conjunto, na gota de suor a mais. Na raça, quem sabe com Neymar vendo o jogo nas tribunas do Mineirão e oferecendo um elemento emocional positivo a mais para mobilizar o país.

A Seleção tem ótimos jogadores, estrelas de grandes clubes europeus. Mas, definitivamente, nenhum protagonista após a lesão de Neymar. Enquanto isso, Joachim Löw comanda uma geração mais leve, que dribla e faz muitos gols, sem abandonar suas origens aristocráticas. A força aérea — a terrestre também — segue a mesma.

São cinco gols de cabeça nesta Copa. Por isso, Felipão jamais cogitou não levar a campo o 1m87cm de Luiz Gustavo, que cumpriu suspensão contra a Colômbia. Também por isso pensa usar três volantes de boa estatura, promovendo Paulinho e mantendo Willian no banco.

É uma das alternativas testadas por Felipão para enfrentar a Alemanha, que tem um meio-campo sólido e fortíssimo, no qual todos marcam e jogam com igual eficiência. Todas as propostas do técnico gaúcho passam pela mesma lógica. Compensar a perda da individualidade com o reforço do coletivo.

Em vez de um só reencarnar Neymar, a ideia é cada um assumir uma parte de seu protagonismo de modo que a soma resulte em até mais eficiência na defesa e opções de ataque. Não há mais Neymar, a primeira alternativa sempre. É preciso tentar outras, e aí reside a oportunidade ímpar para os que antes faziam a corte do rei.

Nos bastidores da Seleção, apesar da tristeza profunda pela perda de Neymar, há um diagnóstico confiante. A melhor atuação coletiva na Copa se deu contra a Colômbia, exatamente numa tarde em que, com dores no joelho, o camisa 10 rendeu bem menos do que o seu habitual

O Brasil que entra em campo contra a Alemanha hoje no Mineirão ouvirá o coro de "Eu Acredito" dos mineiros, simbolizando o entendimento nacional de que é hora da superação.

É possível, sim, repetir o enredo de 1962, sem o camisa 10 redentor. Desde que a união faça a força — e Felipão é mestre nisso.

COPA DO MUNDO, SEMIFINAL, 8/7/2014

BRASIL

Julio César; Maicon, David Luiz, Dante e Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho, Paulinho (Willian), Oscar e Hulk; Fred.
Técnico: Luiz Felipe Scolari

ALEMANHA

Neuer; Lahm, Boateng, Hummels e Höwedes; Schweinsteiger, Khedira, Kroos, Götze (Schürrle ou Klose) e Özil; Müller.
Técnico: Joachim Löw

Arbitragem: Marco Rodríguez, auxiliado por Marvin Torrentera e Marcos Quintero
Local: Mineirão, Belo Horizonte, 17h



Fonte: http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/

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